sábado, 5 de fevereiro de 2011


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Tenho a impressão de que tenho duas vidas: a minha e a que os outros inventam. Não sei dizer se é mais divertido ser do meu jeito ou do jeito que costumam dizer que sou. Nunca vi nada que se possa chamar de “anormal” em mim. Sou mulher, tenho 19 anos, estudo, trabalho, moro com meus pais, danço, faço cara feia, dou risada com o vento, bebo água, bebo álcool, gosto de meninos, falo muito, me calo as vezes, ah tantas outras coisas “normais” eu diria que eu faço, gosto e sou. Essa é a vida que eu sei que eu tenho. Mas ando ouvindo por aí que: “Eu não presto, não valho nada” ... (8) Sendo um pouco mais objetiva e usando as palavras do grande João do Morro. O que eu não entendo é essa preocupação absurda em tomar conta da calçada vizinha. Cara, tem tanta sujeira embaixo do meu tapete que eu não teria muito tempo pra me preocupar com o teu não viu. Fico pensando que qualquer dia eu vou acordar, abrir a porta e alguém vai me dizer: Como assim você é mulher, você não tinha mudado de sexo? E eu vou fazer aquela cara de paisagem, de quem não entende nada e dar as costas, simplesmente porque se isso não fosse cômico, seria trágico demais. Eu não sei falar de mim, mas se você perguntar ao vizinho da frente, da direita, da esquerda e da outra calçada, com certeza eles terão resposta. Sugiro que você antes de bater o martelo do concordo com tudo, bata na minha porta e tire você suas próprias conclusões. Afinal, nesses casos só tem um lado da história que pode ser verdade: ou é a minha vida ou a que criaram pra mim. Do mais, você decida em quem prefere botar fé.


(Y)