quarta-feira, 7 de outubro de 2009

... amanhã, outro dia!


De repente você chega em casa, abre a porta, joga a bolsa em um sofá da sala, se esparrama em outro, liga a televisão no canal de desenhos animados, coloca no volume mais alto e começa a assistir. Seus dias começam assim, sempre, sem mudança. Aí você grita pra sua mãe lá na cozinha:
- Mãe, faz meu café!
Aí vem sua mãe, às vezes com um humor doce, outras nem tanto, mas sempre atendendo aos seus pedidos. Ela se aproxima de você, te entrega uma xícara e umas bolachas e pronto. Depois você tem uma pilha de textos pra ler, uma pia de louças pra lavar, uma trouxa de roupas pra pôr na máquina, uma casa inteira pra varrer e passar pano e o que você faz? Grita pela sua irmã mais velha, é claro. E ela te socorre, sem reclamações, mas com aquele ar de quem vai pedir algo em troca quando você menos esperar, tudo bem, seus dias são sempre assim mesmo. Feito tudo isso, você toma seu banho, se arruma pra ir pra faculdade, espera sua mãe ajeitar seu almoço como se você fosse uma criança de 10 anos que nem pudesse se aproximar do fogão pra não correr o risco de derrubar alguma panela, faz tudo o que tem que ser feito e sai. Depois de um dia altamente corrido, você volta pra casa esperando que tudo seja absolutamente normal, que tenha ficado do jeito que você deixou, mas aí uma surpresa, mudou alguma coisa. Não to falando de um móvel a menos na sala, de uma televisão quebrada ou de uma nova cor de cortina, to falando de coisas do tipo: Ta faltando alguém que eu deixei bem aqui antes de sair. E onde está essa pessoa? Aí as noticias começam a aparecer e você começa a se chocar e a sentir medo de que algo pior possa vir, todo mundo te diz:
- Teu pai ta no hospital, ele teve uma crise assustadora e foi levado as pressas.
Com tanta informação num dia só, o que é que você faz? O dia já não é tão comum aos de sempre. O medo bate a porta e aí? Claro, você vai ouvir coisas do tipo:
- Você tem que ser forte, você precisa ajudar sua mãe nessa hora.
Mas me diga você, como é que se consegue ser forte quando se está perdendo alguém? A minha fraqueza aparece exatamente aí, na perda. Pra muitas outras coisas eu posso até saber levar, mas com a ausência, eu não consigo mesmo. Eu não fui criada pra lidar com isso e eu não gosto da idéia de ter que aprender. Aí você sai de casa, passa um dia inteiro num hospital, escuta os médicos dizendo coisas que você jamais entenderia, porque são nomes absurdamente estranhos, pra no final do dia escutar um cochico que só vai te deixar ainda mais angustiada. E o que significa? Você pensa logo, pronto... Ele vai morrer a qualquer minuto e eu tenho que ta preparada pra isso. Mas NINGUÉM sabe lidar com a morte não, comigo não seria diferente. E como você não pode fazer nada, só ficar esperando noticias, sentada naquelas cadeiras de um corredor imenso e frio, você sai deixando um pedaço lá e quando você entra em casa vê que ta tudo fora do lugar, o dia não é o mesmo e nada está do jeito que você deixou. Se acostumar com a mesmice de sempre não é nada agradável, a vida tem tantas surpresas né?E o dia acaba, você deita na cama, mas falta sempre um pedaço que não tem como preencher, mas aí eu aconselho, fecha os olhos e dorme, que amanhã é novo dia e isso não vai passar de um pesadelo de uma noite.



PAI, (yn)
vou na fé, que essa não costuma falhar.

2 comentários:

  1. Pô, Jana!

    Fico sem saber até o qe dizer.
    Primeiramente, a postagem foi fantásticamente bem escrita, embora eu preferisse, claro, que ela não precisasse ter sido escrita.

    Imagino que as coisas não estejam nada fáceis, mas até isso tem suas coisas proeitosas, nessas horas a gente cresce ou percebe que cresceu, nessas horas agente sabe com quem realmente pode contar, entre outras, mas preferimos sempre aprender isso de uma forma menos dolorosa, não é!? Mas já prcebi quando lhe conheci, você é muito especial, vai ser forte o bastante para suportar toda essa barra. Eu só posso desejar que você tenha fé, só isso... Você disse que nada pode fazer, realmente. Ninguém nada pode fazer, a não ser ter fé! Nem o melhor dos médicos nada pode fazer, tudo depende do desejo Dele, espere Nele, espere o tempo Dele. Não estou falando que isso é fácil de fazer, que eu faria com toda tranquilidade, mas sim o que DESEJO QUE VOCÊ CONSIGA FAZER!

    Grande beijo, fica com Deus, linda! (F)

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  2. Eita Jana! É difícil mesmo, viu?
    Mas como vc bem disse no final, vá na fé!
    Essa realmente não costuma falhar!
    Desejo que este momento já tenha sido superado
    e que Deus seja uma presença constante em sua
    vida, para que vc possa ter a força necessária
    para atravessar esses momentos e poder passar
    essa força para sua família, mas acima de tudo, eu desejo
    que vc possa olhar para trás e dizer: foi difícil, mas venci!

    Fica com Deus Jana!

    Um beijO

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